Entre 2015 e 2016 o Brasil viveu uma epidemia de Zika que atingiu especialmente o Nordeste e ainda hoje deixa consequências para as famílias afetadas, especialmente para aquelas que têm crianças com microcefalia. Segundo o Ministério da Saúde, entre 2015 e 2019 foram registrados mais de dois mil casos de microcefalia e outras deficiências ocasionadas pelo vírus Zika na região, o que corresponde a 62,5% do total do Brasil.

Desde então, a equipe do MERG (Grupo de Pesquisa sobre a Epidemia de Microcefalia) tem se dedicado a acolher as famílias afetadas pela epidemia. As crianças são acompanhadas e todos os resultados de exames realizados são entregues às famílias. Quando um problema é identificado, mesmo que o especialista responsável pelo diagnóstico não atenda na rede de saúde, a criança é encaminhada, quando possível, para atendimento no Hospital Universitário Oswaldo Cruz ou recebe orientação sobre que tipo de tratamento deve procurar em outras unidades.

Com nossa equipe, todas as crianças com microcefalia são avaliadas por neurologista, endocrinologista e urologista. Fazemos também testes de avaliação do desenvolvimento (monitoramos o que aprendem à medida que crescem) e exames mais específicos, quando necessário, como ressonância do cérebro, avaliação do funcionamento do sistema urinário, ultrassonografia, cintilografia e dosagens de hormônios.

Esse acompanhamento é fundamental para garantir que essas famílias possam diagnosticar de forma rápida os possíveis problemas de saúde e garantir orientação precoce e qualificada para os cuidados à medida que os anos se passam. Além disso, esse cuidado gera informações importantes sobre como o vírus afeta a população, contribuindo com os avanços da ciência e organização dos cuidados em saúde.

Agora, avançamos nas pesquisas com o projeto Life Zika, ampliando horizontes na nossa compreensão sobre os efeitos do vírus e fornecendo apoio continuado às famílias impactadas.